Quando o desalento te
ameace o caminho, pensa nos outros, naqueles que não dispõem de tempo para
qualquer entrevista com o tédio.
Se te acreditar amargurando
lições demasiado severas no educandário da vida, frequenta, de quando em
quando, a escola das grandes provações, onde os aprendizes se acomodam na
carteira das lágrimas.
Muitos jazem na rua, estendendo
mãos fatigadas aos que passam com pressa... Em maioria, são doentes que a onda
renovadora do grupo social atirou à praia da assistência pública ou mães
aflitas a quem as exigências de filhos pequeninos ainda não permitem a
liberalidade de uma profissão...
Provavelmente, alguém dirá
que entre eles se encontram oportunistas e malfeitores que se fantasiam de
enfermos para te assaltarem a bolsa em nome da piedade.
Compreendemos semelhante
alegação e justificamo-la, porque o mal existe sempre onde lhe queiramos
destacar a presença e, conquanto te roguemos o benefício da prece, em favor dos
que agem assim, mais por ignorância que por maldade, apelamos para que
consultes ainda aquelas outras salas de aula que se enfileiram no recinto dos
hospitais e nos albergues esquecidos.
Acompanha os estudos
daqueles cujo corpo se carrega de feridas dolorosas para agradeceres a pele
sadia que te veste a figura ou segue a cartilha de agoniadas emoções dos que se
recolhem nos manicômios, sorvendo angústia e desespero nos resvaladouros da
loucura ou da obsessão, a fim de valorizares o cérebro tranquilo que te coroa a
existência...
Visita os asilos que resguardam
a sucata do sofrimento humano e observa as disciplinas dos que foram entregues
às meditações da penúria, para quem um simples sanduíche é um brinde raro e
partilha os exercícios de saudade e de dor dos que foram abandonados pelos
entes que mais amam, a fim de abençoares o pão de tua casa e os afetos que te
enriquecem os dias.
Quando o tédio te procure,
vai à escola da caridade... Ela te acordará para as alegrias puras do bem e te
fará luz no coração, livrando-te das trevas que costumam descer sobre as horas
vazias.
Do livro: CORAGEM
(Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel)
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